Neurodiversidade e Neuroarquitetura: Conheça a proTEA Daniela!
Daniela Neves, arquiteta e urbanista com especialização em conforto ambiental e formação em neuroarquitetura, é uma profissional que transforma sua experiência de vida em inspiração para criar ambientes mais acolhedores. Natural de Marília (SP) e atualmente morando no Mato Grosso do Sul, Daniela é casada e mãe de gêmeos de 7 anos.
Além disso, recebeu, há 6 anos, o diagnóstico de autismo com altas habilidades e TDAH. Sua jornada, portanto, é marcada pela superação de desafios e pela busca de soluções inovadoras no campo da arquitetura.
O Diagnóstico tardio e os desafios antes da descoberta
Desde criança, Daniela enfrentava situações que hoje entende estarem relacionadas ao autismo e ao TDAH. As pessoas a viam como a “menina brava” que não aceitava normas e enfrentava dificuldades em eventos sociais. Ambientes com luz direta, cheiros fortes e excesso de pessoas provocavam náuseas, vômitos e até desmaios.
Além disso, sofria de enxaquecas incontroláveis desde os 12 anos. Durante anos, buscou respostas com neurologistas e chegou a realizar exames para investigar a possibilidade de um tumor cerebral, mas nenhuma causa aparente foi encontrada. Consequentemente, sem um diagnóstico, mascarava os sintomas e seguia se adaptando às demandas da vida até que, após a maternidade, os desafios se intensificaram.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Daniela
A maternidade e a busca por respostas
A gestação de seus gêmeos foi delicada, marcada por pré-eclâmpsia e parto prematuro. Após o nascimento, Daniela enfrentou picos de alucinações, insônia e crises emocionais que inicialmente interpretaram como depressão pós-parto. No entanto, ela sentia que o incômodo maior vinha das questões sensoriais.
Foi então que um neurologista levantou a suspeita de TDAH e autismo. As avaliações confirmaram os diagnósticos. Apesar do QI elevado, Daniela apresentava dificuldades significativas em atenção dividida, o que impactava sua capacidade de manter conversas com várias pessoas ao mesmo tempo.
Posteriormente, com o início do tratamento adequado, as enxaquecas que a acompanhavam por mais de 15 anos cessaram. Daniela passou a respeitar seus limites e a buscar informações e tratamentos específicos para autismo em adultos, uma área ainda pouco explorada.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Daniela
A relação com a neuroarquitetura
Mesmo antes do diagnóstico, Daniela já se interessava pela neuroarquitetura, uma área que estuda como os ambientes influenciam o comportamento humano. Percebia que certos espaços intensificavam seu desconforto e crises sensoriais, como locais com luz direta, ruídos e desorganização.
Após o diagnóstico, Daniela aprofundou seus conhecimentos e passou a aplicar esses princípios em seus projetos. Ela defende o planejamento de ambientes terapêuticos com foco na redução de estímulos e em transições suaves entre espaços de diferentes intensidades.
Ela cita como exemplo o quarto de uma criança autista, que precisa ter baixo estímulo sensorial. Os corredores de transição para outros ambientes precisam incluir elementos que acalmem, evitando mudanças bruscas.
Transformando desafios em inspiração profissional
Daniela trabalhou durante anos na área de incorporação imobiliária, onde colocou em prática muitos conceitos da neuroarquitetura. Hoje, ela se dedica a projetos que consideram as necessidades sensoriais de autistas e outras pessoas neurodivergentes.
Para Daniela, é essencial que terapias e arquitetura trabalhem juntas, especialmente em ambientes terapêuticos. “Ambientes relaxantes e bem organizados podem ser verdadeiros aliados na saúde mental e no bem-estar das pessoas. Respeitar os limites é o primeiro passo para evitar crises e viver de forma mais plena”, afirma.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Daniela
Conclusão
A história de Daniela Neves é um exemplo inspirador de como os desafios da neurodiversidade podem se transformar em força criativa e profissional. Seu trabalho como arquiteta e especialista em neuroarquitetura não apenas melhora a qualidade de vida de seus clientes, mas também promove conscientização sobre a importância de ambientes sensorialmente adequados para autistas e outras pessoas com sensibilidades.
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