A caminhada de Beatriz: A Luta pelo Diagnóstico de TEA.
Hoje trazemos a história da proTEA Beatriz, 26 anos, casada, mãe de Ane e Ronald, mora em Estrema, Minas Gerais, há 12 anos. Ronald, seu filho de 8 anos, foi diagnosticado com autismo nível 3 de suporte ainda na primeira infância. Para conciliar as demandas do diagnóstico de TEA com a vida profissional, Beatriz trabalha meio período em um projeto com crianças, ao mesmo tempo em que acompanha de perto as terapias do filho.
O Retorno ao Trabalho e o Impacto na Saúde Mental
Há dois anos, Beatriz retomou sua vida profissional, uma decisão que, segundo ela, a ajudou a sair de uma profunda crise depressiva. Enfrentando há muito tempo desafios emocionais, o diagnóstico de Ronald trouxe uma queda em sua saúde mental, mas trabalhar com crianças tornou-se um alívio. Como ela mesmo diz: “Trabalhar com as crianças me ajuda bastante… é onde consigo ser eu, Beatriz.”
O Início da Jornada: Gestação e Primeiros Sinais
A gestação de Ronald foi marcada por crises de ansiedade e depressão, mas o parto, embora feito às pressas, foi tranquilo. Ronald nasceu com 37 semanas e 4 dias e, inicialmente, parecia se desenvolver dentro do esperado. Então, até seu primeiro ano de vida, tudo parecia estar em ordem, mas pequenos sinais começaram a surgir, como o fato de assistir TV na ponta dos pés. Após uma queda e uma visita ao hospital, Beatriz passou a observar Ronald com mais atenção, preocupada com a saúde dele.
As Primeiras Preocupações e o Desafio da Creche
Quando Ronald entrou na creche, surgiram as primeiras preocupações mais sérias. As educadoras sugeriram que ele poderia ser surdo, pois não respondia ao seu nome e apresentava comportamentos incomuns. Mesmo sua sogra levantou a hipótese, o que incomodou Beatriz profundamente. Então, após três meses, ela deixou o emprego para ficar em casa e acompanhar de perto o filho. Foi nesse momento que Beatriz começou a perceber sinais claros de que algo não estava certo: Ronald regrediu na fala e demonstrava comportamentos repetitivos, como andar na ponta dos pés e saltitar.
Ela comenta: “Nesse momento que eu tirei ele da creche e voltei a ficar em casa com ele, foi aí que começou a observar todos os pontos que colocavam pra ela. E realmente começou a notar que tinha algo diferente. Ele tinha começado a fazer algumas pronúncias, de querer falar, balbuciar, mas daí ele parou, ele começou a retroceder em coisas que já tinha aprendido. Tinha a questão de andar na ponta do pé, de saltitar. Sempre colocava o ouvido ou no telefone ou na TV sempre que assistia alguma coisa, não fazia nem um som ou pronúncia. Aí comecei a observar todas essas coisas. Como eu já tinha uma filha eu fazia comparações entre eles…”

Fonte Arquivo pessoal – cedida por Beatriz
A Busca por Diagnóstico: Persistência e Resiliência
Beatriz procurou ajuda no PSF, mas foi orientada a esperar, pois Ronald ainda era muito novo para um diagnóstico. Mesmo assim, os comportamentos continuaram a se agravar: ele não tinha noção de perigo, era hipersensível à luz, som, roupas e toques, e apresentava comportamentos que preocupavam ainda mais sua mãe. Após tentativas frustradas de obter apoio no posto de saúde, Beatriz decidiu procurar ajuda no pronto-socorro, buscando inicialmente um otorrino, acreditando que Ronald poderia ter problemas de audição. Beatriz nem imaginava que receberia o diagnóstico de TEA.
A Luta por Atendimento e o Diagnóstico de TEA
Sem encaminhamento, Beatriz adotou uma estratégia persistente: esperava na porta dos médicos até ser atendida. Após meses de espera, ela finalmente conseguiu que um neurologista atendesse Ronald, que solicitou o exame BERA para verificar a audição. Quando o resultado mostrou que Ronald escutava perfeitamente, veio o diagnóstico de autismo.
Ronald recebeu o diagnóstico de autismo nível 3 de suporte aos 1 ano e 9 meses, considerado precoce. Foi um momento difícil para Beatriz, que descreve como um “período sombrio”. Ela passou por um processo de luto, isolando-se e enfrentando os desafios sem uma rede de apoio.
Superando os Desafios: Terapias e Evolução
As crises de Ronald, muitas vezes agressivas, tornavam a vida em casa extremamente difícil. Com o tempo, Beatriz aceitou a necessidade de medicação, o que ajudou a reduzir a agressividade. O foco nas terapias, especialmente a fonoaudiologia e terapia ocupacional, trouxe grandes avanços para Ronald, que começou a falar por volta dos 4 anos e meio. Com a melhora na comunicação, as crises também diminuíram.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Beatriz
O Futuro de Ronald: Um Caminho de Esperança
Atualmente, Ronald está com 8 anos e teve seu diagnóstico atualizado para autismo nível 2 de suporte, com comorbidade de TDAH. Ele faz acompanhamento psicológico e participa do AEE (Atendimento Educacional Especializado) na APAE. A parceria entre a família e a escola tem sido fundamental para sua evolução. Ronald estuda em uma escola regular, onde a professora adapta o ambiente para suas necessidades sensoriais, permitindo que ele se regule quando necessário.
Beatriz acredita que o diagnóstico precoce e o uso de medicação foram fundamentais para o desenvolvimento do filho. Apesar dos desafios iniciais, ela vê um futuro promissor para Ronald, que já fala sobre seus sonhos de emprego e família. “Ele conversa muito bem, tem expectativas sobre ele mesmo. Tentamos sempre firmar a identidade dele, que ele é capaz.”
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