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Paracetamol e autismo: o que a ciência realmente diz sobre essa relação?

7 minutos de leitura

Nos últimos anos, muitas famílias têm se deparado com informações desencontradas sobre saúde, especialmente quando o assunto envolve autismo. Entre os boatos que circulam nas redes sociais, um dos mais comuns é a suposta ligação entre o uso de paracetamol e autismo. Essa informação, no entanto, não é verdadeira. Alguns estudos já demonstraram que não existe comprovação científica de que o paracetamol cause ou aumente o risco de autismo.¹

Neste texto, vamos esclarecer de onde surgiu esse mito, por que ele continua circulando, quais são as evidências científicas sobre o tema e como as famílias podem se proteger contra a desinformação.

O que é o paracetamol?

Antes de tudo, é importante entender o que é o paracetamol. Ele é um medicamento muito utilizado em todo o mundo para aliviar dor e reduzir febre. Está disponível sem necessidade de receita médica e, quando usado de forma correta, é considerado seguro.²

Médicos recomendam o paracetamol em diferentes situações, como em casos de gripe, dores de cabeça, dores musculares e até após procedimentos médicos. É um dos medicamentos mais prescritos para crianças, justamente porque, se usado na dose adequada, apresenta baixo risco de efeitos colaterais.

De onde veio a ideia de uma relação entre paracetamol e autismo?

A origem desse boato está em estudos antigos e pouco confiáveis, realizados a partir dos anos 1980 e 1990. Alguns pesquisadores observaram que crianças autistas tinham histórico de uso de paracetamol durante a infância, principalmente após a vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola.²

Entretanto, é essencial destacar que correlação não significa causalidade. Ou seja, o fato de muitas crianças terem usado paracetamol e também estarem dentro do espectro autista não significa que uma coisa causou a outra. Milhões de crianças em todo o mundo tomam paracetamol, mas a maioria delas não recebe diagnóstico de autismo.

Além disso, estudos posteriores, mais robustos e com maior rigor científico, não conseguiram encontrar nenhuma ligação direta entre o uso de paracetamol e o desenvolvimento do autismo.

Fonte: Canva

O que a ciência já comprovou?

Ao longo dos anos, diferentes equipes de pesquisadores investigaram essa possível relação. E o que se descobriu? Que não há evidências científicas que sustentem a ideia de que o paracetamol cause autismo.

  • Estudos epidemiológicos amplos analisaram populações inteiras e não encontraram aumento nos índices de autismo em crianças que utilizaram paracetamol.

  • Pesquisas controladas demonstraram que o risco de efeitos adversos graves do paracetamol está ligado ao uso incorreto do medicamento (como superdosagem), mas não ao autismo.

  • Instituições de saúde respeitadas, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Food and Drug Administration (FDA), nunca reconheceram qualquer relação entre o medicamento e o transtorno do espectro autista.

Assim, a comunidade científica é clara: não existe comprovação de que o uso de paracetamol esteja ligado ao desenvolvimento de autismo.

Por que esse mito continua circulando?

Apesar de não ter base científica, o mito da relação entre paracetamol e autismo continua sendo compartilhado, principalmente em redes sociais e grupos negacionistas. Isso acontece por alguns motivos:

  1. Medo e incerteza – O diagnóstico de autismo ainda gera muitas dúvidas nas famílias. Como não existe uma causa única e definitiva para o transtorno, surgem tentativas de encontrar um culpado.

  2. Facilidade de propagação de notícias falsas – As redes sociais permitem que informações sem comprovação se espalhem muito rápido.

  3. Dificuldade de interpretação científica – Muitos estudos são complexos, e quando interpretados de forma equivocada, acabam gerando conclusões erradas.

  4. Histórico de outros mitos – Assim como aconteceu com a falsa ligação entre vacinas e autismo, alguns grupos acabam associando medicamentos comuns ao transtorno sem provas científicas.

Fonte: Canva

O perigo da desinformação

A desinformação pode causar sérios problemas para famílias que já enfrentam desafios diários relacionados ao autismo. Ao acreditar em mitos, muitas pessoas deixam de confiar em tratamentos seguros e eficazes. Além disso, há o risco de evitar o uso de um medicamento necessário, como o paracetamol, em momentos de febre ou dor, o que pode colocar a saúde da criança em perigo.

Outro ponto grave é o impacto emocional. Pais e mães podem sentir culpa desnecessária, acreditando que o uso de um medicamento comum teria causado o autismo em seus filhos. Essa sensação, além de injusta, não tem qualquer respaldo científico.

O que realmente causa o autismo?

Diferente do que sugerem os mitos, o autismo não tem uma única causa. Ele é resultado de uma combinação de fatores genéticos e biológicos. Estudos mostram que:

  • O autismo está ligado a predisposições genéticas.

  • Fatores ambientais podem influenciar o desenvolvimento, mas isso não inclui medicamentos comuns como o paracetamol.

  • Não existe uma ação isolada, como tomar um remédio ou receber uma vacina, que cause autismo.

Portanto, responsabilizar o paracetamol pelo autismo é uma distorção que não corresponde ao que a ciência já comprovou.

Como usar o paracetamol de forma segura?

Mesmo que não exista relação entre paracetamol e autismo, é importante lembrar que todo medicamento deve ser usado com cuidado. Algumas orientações básicas incluem:

  • Respeitar sempre a dose recomendada pelo médico ou pela bula.

  • Evitar automedicação em crianças pequenas.

  • Não ultrapassar a quantidade máxima diária indicada.

  • Procurar atendimento médico em caso de sintomas persistentes ou graves.

O uso incorreto do paracetamol pode causar danos ao fígado, mas isso não tem nenhuma ligação com o autismo.

Como combater a desinformação?

Para evitar cair em boatos como a suposta relação entre paracetamol e autismo, algumas atitudes podem ajudar:⁴

  1. Buscar fontes confiáveis – Sempre que possível, consulte sites de instituições de saúde, universidades ou associações médicas.

  2. Conversar com profissionais da saúde – Em caso de dúvida, médicos e farmacêuticos podem orientar sobre o uso seguro de medicamentos.

  3. Evitar compartilhar informações sem checar – Antes de repassar uma notícia, verifique se ela está embasada em estudos científicos sérios.

  4. Educação em saúde – Quanto mais as famílias tiverem acesso a conteúdos de qualidade, menor será o impacto da desinformação.

Conclusão

O mito de que existe uma relação entre paracetamol e autismo não tem base científica. Até hoje, nenhum estudo confiável conseguiu comprovar essa ligação. O que se sabe é que o autismo é resultado de fatores genéticos e biológicos, e não do uso de medicamentos comuns.

Portanto, é fundamental que as famílias confiem em informações baseadas em evidências e mantenham o cuidado com a saúde de seus filhos de maneira segura. O paracetamol, quando usado corretamente, continua sendo uma opção eficaz para aliviar dor e febre, sem qualquer risco de causar autismo.

Mais do que nunca, é importante combater a desinformação e apoiar as famílias com orientações seguras e responsáveis.

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Referências:

1- APM – acesso em 26/09/2025

2- Ao fatos – acesso em 26/09/2025

3- Anvisa – acesso em 26/09/2025

4- Gov.br – acesso em 26/09/2025

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