Adolescentes autistas: O que a série da netflix pode alertar!

A série Adolescência, lançada recentemente pela Netflix, tem gerado debates sobre as dificuldades e descobertas dessa fase da vida. A produção retrata de forma intensa os desafios da transição para a vida adulta, passando por temas como identidade, relações interpessoais e amadurecimento emocional. Mas como esses desafios se conectam à experiência de adolescentes autistas?

O autismo na adolescência: uma fase de grandes desafios

A adolescência é um período de mudanças físicas, emocionais e sociais. Para adolescentes autistas, essas transformações podem ser ainda mais intensas, pois o processamento sensorial, as interações sociais e a necessidade de rotina podem ser impactadas de forma significativa.

A série da Netflix, embora não seja focada especificamente no autismo, aborda muitas questões que ressoam com essa realidade, como:

• Dificuldades nas relações sociais: Muitos adolescentes autistas enfrentam desafios para entender normas sociais não ditas, o que pode gerar isolamento ou dificuldades na formação de amizades.
• Identidade e autoaceitação: A busca por pertencimento é um tema forte na série, algo que também é comum entre autistas, que podem sentir-se deslocados em grupos sociais.
• Sensibilidade sensorial: Mudanças hormonais e novas experiências podem intensificar desafios sensoriais, tornando ambientes como escolas e eventos sociais ainda mais desgastantes.
• Independência e desafios na escola: Muitos adolescentes autistas lidam com dificuldades para lidar com novas responsabilidades, tomar decisões e gerenciar a própria rotina de forma independente.

Fonte: Canva

O impacto das redes sociais para os adolescentes autistas

As redes sociais são parte essencial da vida de muitos adolescentes, mas para aqueles no espectro autista, elas podem trazer tanto benefícios quanto desafios. Plataformas como Instagram, TikTok e Twitter oferecem oportunidades para interação e aprendizado, mas também apresentam riscos, como cyberbullying, exposição excessiva e dificuldade em interpretar interações sociais.

A linguagem oculta dos emojis

Você já viu esses emojis circulando por aí?

À primeira vista, parecem inofensivos, mas em alguns cantos da internet, especialmente em fóruns ligados à cultura incel (refere-se a homens que se sentem rejeitados afetiva e sexualmente), esses símbolos podem carregar significados preocupantes, usados para promover exclusão, ódio e bullying disfarçado.¹

🫘 Feijão – Usado como forma de zombaria para representar pessoas consideradas “fracassadas” ou “inferiores”, muitas vezes direcionado a autistas ou adolescentes vulneráveis.

💊 Pílula vermelha (red pill) – Símbolo de adesão à ideologia radical incel, que propaga ideias distorcidas sobre gênero e poder.

💯 Símbolo “100” – Reforça postagens com discursos misóginos ou agressivos, servindo como um “selo de verdade” dentro dessas comunidades.

😠 Emoji de raiva – Combinado com ironia e provocação, é usado para ridicularizar ou humilhar pessoas de forma simbólica.

Entender esses códigos pode ajudar a identificar dinâmicas de exclusão e cyberbullying, especialmente entre jovens autistas, que muitas vezes são alvos desse tipo de ataque disfarçado.

Maneiras de proteger adolescentes autistas nas redes sociais

1. Educação digital: Ensinar sobre privacidade, fake news e perigos online pode ajudar o adolescente a navegar com mais segurança.
2. Monitoramento e diálogo: Não se trata de vigiar, mas de manter um diálogo aberto para que o adolescente se sinta seguro em pedir ajuda se necessário.
3. Configurações de segurança: Incentivar o uso de perfis privados, bloqueio de comentários negativos e moderação de conteúdo.
4. Tempo de tela equilibrado: Criar rotinas para evitar excesso de tempo nas redes e incentivar outras atividades fora do mundo digital.
5. Acompanhamento emocional: Ficar atento a mudanças de comportamento e sinais de ansiedade ou depressão devido às interações online.
6. Incentivo a espaços seguros: Mostrar ao adolescente comunidades online saudáveis, onde ele possa se expressar sem receio.

O impacto das expectativas sociais na vida de adolescentes autistas

A adolescência é uma fase de forte pressão social. A expectativa de se encaixar em padrões e a cobrança por interações sociais podem ser um grande desafio para adolescentes autistas. Algumas dificuldades comuns incluem:

• Cobrança por participação em eventos sociais: Muitos adolescentes autistas preferem atividades individuais ou em pequenos grupos e podem se sentir desconfortáveis em festas ou encontros.
• Pressão para seguir padrões de comportamento e moda: Com a influência das redes sociais, pode haver um sentimento de inadequação ao não seguir as mesmas tendências dos colegas.
• Desafios na comunicação interpessoal: O uso de expressões faciais, ironia e sarcasmo pode ser complicado para adolescentes autistas, causando dificuldades na compreensão de interações sociais.

Fonte: Canva

Como apoiar adolescentes autistas durante essa fase

1. Apoio emocional: Ouvir sem julgamentos e validar os sentimentos do adolescente pode fazer diferença no desenvolvimento da autoestima.
2. Rotina estruturada: Manter uma rotina previsível ajuda a reduzir a ansiedade e proporciona segurança emocional.
3. Intervenção profissional: Psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais podem ajudar no desenvolvimento socioemocional.
4. Incentivo à autonomia: Pequenas responsabilidades e decisões guiadas podem ajudar o adolescente a se sentir mais preparado para a vida adulta.
5. Inclusão escolar e social: Apoiar adaptações na escola e incentivar ambientes mais inclusivos pode contribuir para um desenvolvimento mais saudável.
6. Fortalecimento da autoimagem: Trabalhar a autoaceitação do adolescente ajuda a reduzir a pressão social e a aumentar sua confiança.

Conclusão

A adolescência é um período de descobertas e desafios para qualquer pessoa, mas para adolescentes autistas, pode ser um caminho com obstáculos ainda maiores. Analisando a série Adolescência, podemos perceber a importância de discutir essas questões.

Se você é um adolescente autista ou conhece alguém que esteja passando por essa fase, compartilhe esse conteúdo e contribua para que mais pessoas compreendam os desafios e particularidades dessa jornada!

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Referência:

1- Canal Autismo – acesso em 02/04/2025