Autismo e inclusão: conheça o Instituto Fórum de Famílias Atípicas!
Essa é a história da proTEA Elaine Ribeiro. Pedagoga, funcionária pública do município de São João e atua na educação há 25 anos. Casada com Francisco, é mãe de Artur, de 21 anos, e de Nicolas, de 9 anos. Apesar de se considerar uma pessoa inquieta e ter enfrentado desafios nos relacionamentos interpessoais, conseguiu crescer profissionalmente e conquistar seu espaço. No entanto, foi através do diagnóstico do filho mais novo que sua relação com o autismo se aprofundou. Hoje ela atua fortemente em ações relacionadas ao autismo e inclusão.
O caminho até o diagnóstico
Nicolas se desenvolveu bem até um ano e meio, mas seus pais perceberam que ele não estava tão falante quanto o esperado para a idade. Esse sinal de alerta os levou a buscar uma avaliação. Inicialmente, foi levantada a hipótese do autismo, mas sem um diagnóstico fechado, optaram por observar sua evolução.
Aos dois anos e meio, Nicolas ingressou na escola ainda com dificuldades na fala, usando fraldas e apresentando seletividade alimentar. Por ser o caçula, a família o tratava como um bebê. No entanto, aos três anos, uma crise sensorial na escola trouxe à tona a possibilidade do espectro autista. A partir desse episódio, iniciaram uma investigação mais detalhada, e foi nesse momento que Elaine encontrou um grupo de mães que seria essencial em sua jornada.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedido por Elaine
O poder do acolhimento
Diante das dificuldades, Elaine se uniu a outras mães que enfrentavam desafios semelhantes. Participou de eventos do Passeio Azul, onde trocou experiências e se fortaleceu emocionalmente. Foi nesse contexto que, aos três anos e meio, Nicolas recebeu o diagnóstico definitivo de autismo.
“Aquele momento foi tão bom, do acolhimento, e saber que o que eu passava ali outras mães estavam passando também e que ninguém iria me julgar, e que eu não estava sozinha. Aquilo que eu achava, às vezes, que era bobeira minha, de preocupação, elas também passavam por isso.”
Atualmente, Nicolas tem nove anos e é autista nível 1 de suporte. Contudo, Elaine evita mencionar o nível de suporte para que isso não soe como uma tentativa de minimizar a condição do filho. Em vez disso, ela afirma simplesmente que Nicolas é autista.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Elaine
O nascimento do Instituto
O acolhimento recebido no grupo de mães fez Elaine questionar: por que não promover esse suporte para outras mulheres na mesma situação? Assim, nasceu um projeto que começou como uma roda de conversa em um grupo de WhatsApp. Inicialmente chamado de Fórum de Mães Especiais, tornou-se um espaço de troca de experiências e apoio mútuo, uma ação prática e efetiva envolvendo autismo e inclusão.
Com o crescimento do grupo, pais, avós e outros familiares começaram a participar. Dessa forma, o nome foi atualizado para Fórum de Famílias Especiais e, posteriormente, Fórum de Famílias Atípicas. Em 2023, o grupo organizou diversos eventos e ampliou sua atuação.
“A pessoa com deficiência não tem só o direito à saúde e educação. Ela tem direito também ao lazer, à cultura e ao esporte. É isso que tento promover… o local de pertencimento que as famílias precisam ter, no direito de ir ao shopping, ao cinema, ao teatro, de frequentar esses espaços… Quando falo de famílias, não falo só de autismo. Depois, quando conheci outras famílias com outras deficiências, não há como lutar pelo meu filho e outras crianças autistas e não lutar por outras crianças com deficiências.”
Estruturando o Instituto
Ao longo dos anos, o Instituto cresceu e passou a contar com diversos setores, incluindo RH, projetos, comunicação e marketing, relacionamento e experiência, setor jurídico e administrativo. Em 2023, a organização realizou um evento de grande porte, a Sessão do Abril Azul, para quase 300 pessoas. Foi um marco na trajetória de Elaine, que percebeu que não poderia mais gerir tudo sozinha e passou a contar com o apoio de outras mães na organização dos eventos.
Na busca por estruturar melhor o Instituto, Elaine conheceu a plataforma ATADOS, voltada para a captação de voluntários. A partir disso, conseguiu apoio de advogados, assistentes sociais e um contador, todos engajados de forma voluntária para ajudar na formalização da instituição.
“Qual é uma das dificuldades das famílias hoje? É ver que o seu filho que é nível 2 ou nível 3 não vai ser inserido no mercado de trabalho. Eu acompanho um jovem que é o Flavinho, a mãe dele conta que o hiperfoco dele era enfileirar, e falou que todo mundo sempre dizia que ele não ia conseguir fazer nada. E hoje ele é famoso com os alfajores que ele faz… ele banha todos com cuidado no chocolate, coloca tudo enfileirado pra secar, depois embala tudo do jeito perfeccionista que ele tem e só cabe a gente descobrir o que cada um pode agregar…”
Atualmente, o Instituto promove encontros presenciais em locais cedidos por parceiros e mantém suas atividades através de grupos no WhatsApp, onde Elaine intermedia as trocas entre as famílias. Portanto, o foco do Instituto é oferecer acolhimento e apoio online, além de incentivar a geração de renda para famílias e a inclusão de pessoas com deficiência no empreendedorismo.

Fonte: Arquivo Pessoal – cedida por Elaine
Impacto e futuro do Instituto direcionados ao autismo e inclusão
Em 2025, o Instituto organizou uma caminhada na Vila Olímpica para o dia 2 de abril, com roda de capoeira, atividades de psicomotricidade e exposições de trabalhos artísticos feitos por pessoas com deficiência. A equipe de voluntários foi essencial para o sucesso do evento. Atualmente, o projeto oferece suporte direto a 150 famílias e continua crescendo.
Os eventos são mantidos por meio de rifas e doações. Uma parceria com a Granfino Alimentos tem sido fundamental para ações sociais, como a doação de 70 brinquedos para crianças em dezembro.
O principal objetivo do Instituto é transformar vidas por meio de cinco pilares fundamentais: ouvir, acolher, incluir, respeitar e transformar. Porém, todas as ações são voltadas para oferecer suporte às famílias e garantir que tenham acesso a oportunidades, direitos e inclusão social.
A história de Elaine e do Instituto é um exemplo de como a busca por acolhimento pode se transformar em uma rede de apoio sólida e significativa para tantas famílias atípicas.
Para conhecer mais o trabalho de Elaine e as ações que envolvem autismo e inclusão é só acessar o Instagram!
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