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Autismo Nível 1: o que é, características e desafios

7 minutos de leitura

Quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é essencial entender que existem diferentes níveis de suporte necessários para cada pessoa. Isso porque o autismo é um espectro, ou seja, se manifesta de formas bastante variadas. Por isso, é comum ouvirmos os termos Nível 1, Nível 2 e Nível 3 de suporte, definidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Neste texto, vamos abordar especialmente o autismo nível 1, que é o grau mais leve dentro dessa classificação.

Embora o termo “leve” seja usado, isso não significa que a pessoa autista de nível 1 não enfrente desafios significativos. Pelo contrário, a falta de compreensão por parte da sociedade muitas vezes torna o diagnóstico mais difícil e a adaptação mais complexa. Ao longo deste texto, vamos explorar o que é o autismo nível 1, quais são suas principais características e como é possível oferecer apoio adequado. Acompanhe!

O que é o autismo nível 1?

De acordo com o DSM-5, o autismo nível 1 é definido como o grau em que a pessoa precisa de suporte leve para lidar com as dificuldades relacionadas à comunicação social e aos comportamentos repetitivos ou restritos. Em outras palavras, são indivíduos que conseguem funcionar de forma relativamente autônoma no dia a dia, mas que ainda assim necessitam de apoio em diversas situações.

Para ilustrar melhor, pense em uma pessoa que consegue frequentar a escola ou o trabalho, mas que enfrenta sérias dificuldades em interações sociais, compreensão de sutilezas na comunicação, mudanças de rotina ou ambientes barulhentos. Ou seja, ela pode parecer “funcional” aos olhos de quem não convive de perto, mas está constantemente fazendo um esforço extra para se adaptar.

Além disso, é comum que pessoas com autismo nível 1 mascarem seus comportamentos para tentar se encaixar. Esse processo é chamado de camuflagem social, e pode ser extremamente exaustivo, gerando consequências emocionais como ansiedade, depressão e esgotamento.

Fonte: Canva

Quais são as principais características?

Ainda que cada pessoa no espectro seja única, existem algumas características que costumam estar presentes em casos de autismo nível 1. Veja a seguir:

1. Dificuldades na comunicação social

Pessoas com autismo nível 1 podem:

  • Ter dificuldade em iniciar ou manter conversas.

  • Não entender ironias, duplos sentidos ou expressões faciais.

  • Evitar contato visual ou manter contato de forma desconfortável.

  • Falar demais sobre um tema de interesse específico sem perceber se o outro está engajado.

Entretanto, como conseguem se expressar verbalmente, essas dificuldades muitas vezes passam despercebidas, especialmente quando comparadas a autistas não verbais.

2. Comportamentos restritos ou repetitivos

Outro ponto comum são os interesses específicos e intensos, conhecidos como hiperfocos. Por exemplo, uma pessoa pode se interessar profundamente por astronomia, história de um período específico, programação ou trens, e falar sobre isso de forma detalhada por horas. Além disso, é comum:

  • Ter necessidade de rotinas rígidas.

  • Repetir frases ou movimentos (como balançar as mãos ou as pernas).

  • Se incomodar com mudanças inesperadas.

3. Sensibilidade sensorial

A hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais também é uma marca registrada do espectro. No caso do nível 1, isso pode se manifestar como incômodo com barulhos altos, cheiros fortes, texturas de roupas ou de alimentos. Por outro lado, algumas pessoas podem buscar estímulos sensoriais de forma intensa, como tocar objetos ou se balançar.

4. Dificuldade para lidar com imprevistos

Embora consigam realizar tarefas rotineiras, pessoas com autismo nível 1 podem sentir um grande desconforto diante de mudanças inesperadas. Por isso, costumam planejar com antecedência, manter rotinas fixas e se sentir sobrecarregadas com surpresas ou ambientes imprevisíveis.

Fonte: Canva

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do autismo nível 1 costuma ser um desafio, justamente porque os sinais podem ser mais sutis. Muitas vezes, a pessoa passa toda a infância sem um diagnóstico formal, sendo considerada “tímida”, “estranha” ou até mesmo “grosseira” em certas situações. No entanto, com o avanço da informação, cada vez mais adultos estão sendo diagnosticados tardiamente.

Para obter um diagnóstico, é necessário procurar uma equipe multidisciplinar, que pode incluir neurologista, psiquiatra, psicólogo e terapeuta ocupacional. A avaliação leva em consideração o histórico de desenvolvimento, o comportamento atual e, quando possível, entrevistas com familiares.

E depois do diagnóstico?

Receber o diagnóstico pode ser um alívio para muitas pessoas. Afinal, compreender que certos comportamentos têm uma explicação ajuda a aliviar a culpa e a aumentar o autoconhecimento. No entanto, o pós-diagnóstico também exige cuidados e adaptações.

A seguir, veja algumas estratégias que podem ajudar:

1. Psicoterapia

A psicoterapia, especialmente a abordagem cognitivo-comportamental, pode auxiliar a pessoa autista a lidar com a ansiedade, desenvolver habilidades sociais e entender melhor seus próprios padrões de pensamento e comportamento.

2. Apoio educacional e profissional

Na escola ou no trabalho, pequenas adaptações podem fazer toda a diferença. Por exemplo, permitir o uso de fones de ouvido com som ambiente, oferecer tarefas com instruções claras e evitar exposições desnecessárias podem ajudar a pessoa autista a se sentir mais confortável e produtiva.

3. Grupos de apoio

Participar de grupos com outras pessoas do espectro pode ser extremamente enriquecedor. Além de promover trocas de experiências, esses grupos oferecem acolhimento e diminuem a sensação de isolamento, algo bastante comum entre autistas adultos.

Fonte: Canva

Quais são os principais desafios enfrentados?

Apesar de serem considerados “leves”, os desafios do autismo nível 1 são reais e, muitas vezes, ignorados. Entre os principais, podemos citar:

  • Mascaramento constante: tentar agir de forma neurotípica pode gerar esgotamento e perda de identidade.

  • Invisibilidade do transtorno: a aparência de “normalidade” faz com que as dificuldades sejam desvalorizadas.

  • Baixa compreensão social: amigos, familiares e colegas de trabalho podem não entender os limites e as necessidades da pessoa autista.

  • Acesso limitado a apoio: por não se enquadrar em critérios mais severos, muitas pessoas com autismo nível 1 têm dificuldade para conseguir terapias, laudos e benefícios.

Caminhos para uma sociedade mais inclusiva

Em resumo, o autismo nível 1 é uma forma do espectro que exige atenção, empatia e suporte, mesmo que os sinais não sejam tão evidentes. Cada pessoa autista tem suas próprias particularidades, e reconhecer isso é o primeiro passo para uma convivência mais respeitosa e inclusiva.

Portanto, é fundamental que a sociedade abandone a ideia de que só autistas com grandes dificuldades precisam de apoio. Todos, em maior ou menor grau, enfrentam desafios, e merecem ter acesso a recursos que facilitem seu bem-estar e autonomia.

Se você convive com uma pessoa com autismo nível 1 — ou se você mesmo recebeu esse diagnóstico — saiba que buscar informação, adaptar o ambiente e fortalecer a rede de apoio pode transformar a maneira como os desafios são enfrentados no dia a dia.

No fim das contas, respeitar as diferenças e acolher as necessidades de cada um é o que realmente faz a diferença.

Obrigado pela leitura e não deixe de acompanhar outros conteúdos do Autismo em Dia, tanto aqui no site como em nosso Instagram. Até a próxima!

Referências:

1- Genial Care – acesso em 27/05/2025

2- Espaço Arima – acesso em 27/05/2025

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