Sintomas de autismo na adolescência: o que observar nessa fase?
A adolescência é uma fase marcada por transformações intensas — físicas, emocionais, sociais e cognitivas. Porém, para pessoas autistas esse período pode trazer desafios ainda mais significativos, tanto na percepção de si mesmas quanto nas interações com o mundo. Os sintomas de autismo na adolescência devem ser observados com cuidado para ajudar no caminho do diagnóstico.
Se por um lado é comum que muitos sinais de autismo já tenham sido identificados na infância, por outro, há também quem só venha a receber o diagnóstico na adolescência — quando as diferenças ficam mais evidentes. Isso vale especialmente para adolescentes considerados autistas de nível 1 (o antigo “Asperger”) e para meninas, que muitas vezes mascaram os sinais durante a infância.
Neste texto, vamos falar sobre os sintomas de autismo na adolescência, o que muda em relação à infância, quais comportamentos podem acender um sinal de alerta e como oferecer o suporte adequado para um desenvolvimento mais saudável e acolhedor, de fato.
O que é autismo?
Antes de falarmos sobre os sintomas específicos da adolescência, é essencial relembrar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, se relaciona e percebe o mundo ao seu redor.
O autismo se manifesta de diferentes formas e intensidades — por isso o termo “espectro” é tão importante. Por exemplo, alguns adolescentes podem ter grandes dificuldades de comunicação e comportamento, enquanto outros têm desenvolvimento verbal típico, mas enfrentam desafios sociais e sensoriais mais sutis.
A presença dos sintomas ocorre desde a infância, mas nem sempre eles são identificados logo nos primeiros anos. Então, isso pode fazer com que muitos jovens só descubram que são autistas na adolescência ou até na vida adulta.
Por que o diagnóstico pode demorar?
O diagnóstico de autismo na infância nem sempre é simples. Em casos mais sutis, os sinais podem ser confundidos com timidez, dificuldades escolares, traços de personalidade ou até questões emocionais.
Além disso, meninas muitas vezes aprendem a “camuflar” os sintomas, copiando comportamentos sociais e tentando se adaptar, o que dificulta o reconhecimento precoce.
É na adolescência, com o aumento das demandas sociais, acadêmicas e emocionais, que essas dificuldades se tornam mais evidentes — e o diagnóstico finalmente pode ser considerado.

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Sintomas de autismo na adolescência: o que observar?
Os sintomas do autismo na adolescência podem se apresentar de diferentes formas, dependendo das características individuais de cada pessoa. No entanto, alguns sinais costumam ser mais comuns nessa fase. A seguir, listamos os principais:
1. Dificuldades nas interações sociais
Adolescentes autistas podem apresentar:
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Pouco interesse por grupos ou atividades sociais;
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Dificuldade em entender regras sociais, piadas ou ironias;
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Comunicação mais direta e literal;
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Pouca reciprocidade em conversas;
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Dificuldade em fazer ou manter amizades;
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Preferência por interações com adultos ou por ficar sozinho.
Em um ambiente escolar, por exemplo, isso pode gerar isolamento, bullying ou sofrimento emocional. Portanto, é importante observar se o jovem demonstra desconforto ou ansiedade em situações sociais.
2. Interesses restritos e hiperfocos
É muito comum que adolescentes autistas tenham interesses muito específicos e intensos, que chamam atenção pela profundidade e foco.
Esses interesses podem envolver temas como astronomia, dinossauros, tecnologia, música clássica, matemática, sistemas de transporte ou qualquer outro assunto — e podem ocupar boa parte do tempo e das conversas do adolescente.
Esse comportamento não é negativo em si, contudo, pode impactar o convívio social se não houver espaço para outros assuntos ou atividades.
3. Comportamentos repetitivos e rotinas rígidas
Alguns adolescentes autistas:
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Precisam seguir rotinas específicas para se sentirem seguros;
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Se irritam com mudanças inesperadas no dia a dia;
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Têm manias ou rituais que repetem com frequência;
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Fazem movimentos repetitivos (como balançar as mãos ou o corpo) quando estão nervosos ou empolgados.
Esses comportamentos costumam ser mais visíveis quando o adolescente está sob estresse ou ansiedade. Por isso, devem ser observados com atenção.

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4. Sensibilidades sensoriais
Outro sintoma muito comum é a hipersensibilidade (ou hipossensibilidade) a estímulos sensoriais. Isso pode envolver:
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Incômodo extremo com sons altos, luzes fortes ou cheiros intensos;
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Rejeição a certos tecidos ou texturas de roupa;
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Dificuldade para se alimentar devido a texturas ou sabores;
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Busca por estímulos sensoriais específicos (como balançar, girar ou cheirar objetos).
Essas reações sensoriais podem gerar sobrecargas e crises em ambientes escolares, festas, shoppings ou outros lugares com estímulos intensos. Logo, é essencial considerar adaptações nesses contextos.
5. Dificuldades com a comunicação verbal e não verbal
Mesmo adolescentes com boa fluência verbal podem apresentar desafios, como:
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Dificuldade em iniciar ou manter conversas;
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Tom de voz monótono ou pouco modulável;
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Pobre uso de gestos, expressões faciais ou contato visual;
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Problemas para entender metáforas ou linguagem figurada.
Além disso, podem preferir se comunicar por escrito ou através de mensagens, em vez de conversar pessoalmente. Portanto, oferecer meios alternativos de comunicação pode ser muito útil.
6. Ansiedade, depressão e baixa autoestima
A adolescência já é uma fase desafiadora para a maioria dos jovens. No entanto, para adolescentes autistas, essas dificuldades podem ser potencializadas.
A tentativa constante de se adaptar, somada às dificuldades de socialização, pode gerar:
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Ansiedade intensa em situações sociais ou escolares;
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Sentimentos de inadequação ou solidão;
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Episódios depressivos;
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Crises de choro, irritabilidade ou isolamento;
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Pensamentos autodepreciativos.
Esses sintomas emocionais muitas vezes são os que levam a família a buscar ajuda — e o diagnóstico de autismo pode surgir nesse processo.
7. Máscara social
Na adolescência, muitos autistas passam a desenvolver uma “máscara social” — ou seja, tentam imitar comportamentos neurotípicos para se encaixar socialmente. Porém, essa camuflagem pode funcionar por um tempo, mas costuma ser exaustiva e dolorosa.
Ao fim do dia, o adolescente pode colapsar emocionalmente, ter crises ou apresentar sintomas físicos como dor de cabeça, cansaço extremo e até sintomas gastrointestinais.
O que fazer diante desses sintomas de autismo na adolescência?
Se você é pai, mãe, cuidador ou educador e reconhece alguns desses sintomas em um adolescente, o primeiro passo é buscar uma avaliação com profissionais especializados — como psicólogos, psiquiatras ou neurologistas com experiência em TEA.
O diagnóstico pode trazer alívio e compreensão, tanto para o adolescente quanto para sua família. A partir dele, é possível acessar intervenções adequadas, desenvolver estratégias de acolhimento e garantir os direitos da pessoa autista.
Como apoiar adolescentes autistas?
O suporte adequado pode transformar completamente a experiência do adolescente autista. Então, veja algumas dicas práticas:
1. Respeite a individualidade
Evite comparações com outros jovens e respeite o ritmo, os interesses e os limites do adolescente. Isso fortalece sua autoestima.
2. Ofereça acolhimento emocional
Escute, valide os sentimentos e esteja presente. Muitos adolescentes autistas se sentem sozinhos ou incompreendidos. Assim, o apoio emocional faz toda a diferença.

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3. Busque suporte profissional
Terapias como psicoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia ou acompanhamento psiquiátrico podem ser importantes. Com isso, o adolescente terá ferramentas para lidar com os desafios.
4. Promova a autonomia
Ensinar habilidades práticas, sociais e emocionais é essencial para a vida adulta. Portanto, estimular a independência deve ser uma meta constante.
5. Ajude na comunicação
Ofereça meios alternativos, como escrita ou aplicativos, se a comunicação verbal for difícil. Isso facilita a expressão e reduz frustrações.
6. Informe a escola
A equipe pedagógica precisa estar ciente do diagnóstico para garantir adaptações e um ambiente mais acolhedor. Dessa forma, o adolescente poderá se desenvolver com mais segurança.
Conclusão sobre sintomas de autismo na adolescência
Os sintomas de autismo na adolescência nem sempre são fáceis de identificar — e muitas vezes aparecem de forma diferente da infância. Portanto, saber reconhecer esses sinais é essencial para garantir que os adolescentes recebam o acolhimento e o suporte que precisam para se desenvolverem com saúde, dignidade e autonomia.
Se você desconfia que seu filho, filha ou aluno possa estar no espectro, não hesite em buscar ajuda. O diagnóstico não é um rótulo, mas sim uma chave que abre portas para mais compreensão, empatia e inclusão.
E lembre-se: o Autismo em Dia está aqui para caminhar ao seu lado. 💙
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Referências:
1- Rhema neuroeducação – acesso em 14/04/2025
2- Terra – acesso em 14/04/2025
3- Catraca livre – acesso em 14/04/2025
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