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Tipos de Autismo: Entendendo o espectro autista

7 minutos de leitura

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta o comportamento, a comunicação e as habilidades sociais das pessoas. O termo “espectro” é usado porque o autismo se manifesta de maneiras muito variadas, abrangendo diferentes graus de intensidade. Com o tempo, nossa compreensão sobre os tipos de autismo evoluiu, assim como a forma de classificá-los. Anteriormente, dividia-se em subcategorias, como Síndrome de Asperger, Autismo Clássico e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem Outra Especificação (PDD-NOS, em inglês). Em 2013, o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) consolidou essas subcategorias em um único espectro, trazendo uma nova classificação baseada no nível de suporte necessário para cada pessoa.

 

Transtorno do Espectro Autista (TEA) e os Níveis de Suporte

A classificação atual do TEA estabelece três níveis principais, que variam de acordo com a intensidade dos sintomas e o suporte necessário para que a pessoa consiga realizar atividades cotidianas. Os níveis são:

1. Nível 1: Autismo Leve (Autismo de Alto Funcionamento)

O Nível 1 do TEA é o que algumas pessoas referem como “autismo leve” ou “autismo de alto funcionamento”. Indivíduos neste nível apresentam dificuldades na interação social e em alguns comportamentos repetitivos ou restritos, mas geralmente conseguem se comunicar de forma eficaz. Ainda assim, frequentemente encontram desafios para interpretar linguagem figurada, sarcasmo ou emoções alheias, o que pode levar a dificuldades de socialização.

As pessoas com autismo de nível 1 podem manter uma vida relativamente independente, mas muitas vezes enfrentam dificuldades em situações sociais mais complexas, como entrevistas de emprego ou conversas em grupo. Esse nível é frequentemente associado ao que era anteriormente conhecido como Síndrome de Asperger, embora, hoje em dia, todas essas diferenças estejam agrupadas no TEA. Para essas pessoas, um suporte leve, focado em desenvolver habilidades sociais e estratégias de comunicação, é suficiente.

Características principais do Nível 1:

  • Dificuldade em entender normas sociais implícitas (por exemplo, sarcasmo, linguagem figurada);
  • Necessidade de rotina e estrutura para se sentir seguro;
  • Interesses intensos e específicos, muitas vezes restritos a um único tema;
  • Capacidade de comunicação preservada, embora com possíveis dificuldades de interpretação social.

Fonte: Envato

2. Nível 2: Autismo Moderado

O Nível 2 do TEA caracteriza-se por um comprometimento mais notável nas habilidades de comunicação e uma presença mais marcante de comportamentos repetitivos e restritivos. As pessoas com autismo de nível 2 podem necessitar de suporte moderado para atividades diárias, incluindo acompanhamento em atividades sociais e ajuda para lidar com mudanças de rotina.

A comunicação é possível, mas é comum que seja mais direta e limitada. Pessoas com autismo de nível 2 podem utilizar linguagem verbal, mas podem ter dificuldades em manter uma conversa de forma recíproca, e também é comum que apresentem hiperfoco em determinados temas, o que muitas vezes atrai sua atenção por longos períodos. Esse tipo de hiperfoco pode ser um ponto positivo se incentivado de forma adequada, mas, sem orientação, pode se tornar um obstáculo para o desenvolvimento de outras habilidades.

Características principais do Nível 2:

  • Comunicação verbal presente, mas com dificuldades na interação social e na reciprocidade da conversa;
  • Resistência a mudanças de rotina e ambiente, o que pode gerar ansiedade;
  • Necessidade de suporte moderado para atividades sociais e para enfrentar novas situações;
  • Presença de comportamentos repetitivos e interesses restritos.

Fonte: Envato

3. Nível 3: Autismo Severo

O Nível 3 é o mais intensivo dentro do espectro, e as pessoas neste nível requerem suporte substancial em todas as áreas de suas vidas. As dificuldades de comunicação e interação social são bastante acentuadas, e comportamentos repetitivos e restritivos estão frequentemente presentes em grau elevado. Em muitos casos, a comunicação verbal é ausente ou limitada, e são necessários métodos alternativos, como pranchas de comunicação, aplicativos ou até comunicação através de gestos.

Pessoas com autismo nível 3 geralmente dependem de cuidadores para atividades básicas do dia a dia e apresentam uma sensibilidade sensorial acentuada, o que pode dificultar sua adaptação em diferentes ambientes. Terapeutas e profissionais especializados desempenham um papel essencial ao acompanhar e orientar essas pessoas, criando estratégias específicas para ajudá-las a desenvolver algumas habilidades e minimizar desconfortos sensoriais.

Características principais do Nível 3:

  • Comunicação verbal limitada ou ausente, com necessidade de apoio em métodos de comunicação assistiva;
  • Resistência intensa a mudanças, tanto de rotina quanto de ambiente, frequentemente levando a crises de ansiedade;
  • Comportamentos repetitivos intensos, como balançar o corpo, bater as mãos, entre outros;
  • Dependência de cuidadores para atividades diárias e para interação social.

Sensibilidade Sensorial no TEA

Independentemente do nível de autismo, a sensibilidade sensorial é uma característica frequentemente associada ao TEA. Isso inclui reações exacerbadas a estímulos auditivos, visuais, táteis, olfativos ou gustativos, o que pode gerar grande desconforto e até crises. Por exemplo, sons altos, ambientes com muita luz ou cheiros fortes podem causar ansiedade ou até uma sobrecarga sensorial.

É importante entender essa questão sensorial para adaptar o ambiente ao bem-estar da pessoa autista, tornando-o mais acolhedor e seguro. Crianças e adultos com autismo podem se beneficiar de ambientes com menos estímulos visuais ou auditivos, ajudando-os a se sentirem mais tranquilos e menos propensos a crises.

Hiperfoco e Interesses Restritos

Outro aspecto característico do TEA, e que varia de pessoa para pessoa, é o hiperfoco em interesses específicos. Estes podem incluir temas amplos, como astronomia, matemática, dinossauros, ou temas muito particulares, como marcas de carros ou construções específicas. Esse interesse intenso pode ser uma maneira de expressar habilidades especiais e até uma fonte de satisfação, mas também pode restringir a exploração de outras áreas da vida e prejudicar o desenvolvimento social.

Pais, educadores e terapeutas podem explorar esses interesses de forma positiva, incentivando a aprendizagem em áreas relacionadas e transformando o hiperfoco em uma ferramenta de desenvolvimento.

Considerações Finais: Entendendo o Espectro e os tipos de autismo

A classificação do autismo em níveis ajuda a determinar o tipo de suporte adequado para cada pessoa, mas é importante lembrar que o TEA é um espectro, e cada pessoa autista é única. Algumas pessoas podem precisar de suporte intensivo em determinadas áreas e ser altamente independentes em outras. Essa diversidade de características torna o entendimento do autismo uma jornada contínua.

Conclusão

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição complexa e diversificada, que abrange diferentes formas de interação social, comunicação e comportamento. Ao compreender os tipos de autismo de acordo com o nível e adaptar o suporte às necessidades de cada pessoa, é possível criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para as pessoas autistas. O apoio de familiares, profissionais e da comunidade em geral é fundamental para promover o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas com TEA, respeitando suas particularidades e capacidades.

Esse foi nosso texto sobre tipos de autismo. Obrigado pela leitura e não deixe de acompanhar outros conteúdos do Autismo em Dia, tanto aqui no site como em nosso Instagram. Até a próxima!

 

Referências:

1- Instituto Neurosaber – acesso em 07/11/2024

2- Drauzio Varella – acesso em 07/11/2024

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